Prezados/as cidadãos e cidadãs,

Gostaríamos de compartilhar com vocês os motivos cruciais pelos quais nós, trabalhadores técnico-administrativos da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), decidimos iniciar uma greve. Neste momento, é essencial que a sociedade compreenda os desafios enfrentados por nós e apoie nosso movimento em busca de mudanças significativas.

Há anos enfrentamos uma realidade desafiadora. Desde o governo de Michel Temer, o Executivo tem adotado uma política de desconsideração e negligência em relação às demandas dos trabalhadores da educação. Nossos salários ficaram congelados durante os dois anos de Temer e os quatro anos do governo de Bolsonaro. Para o ano de 2024, o reajuste salarial proposto foi de 0,0%, o que agrava ainda mais nossa situação. Somos a categoria com a menor remuneração no serviço público, o que nos coloca em uma posição de extrema fragilidade financeira. Enfrentamos quase oito anos sem quaisquer reajuste. Como resultado, estamos testemunhando uma debandada de colegas que buscam oportunidades mais atrativas fora do serviço público.

Nos últimos sete anos, a UFOP perdeu 200 técnicos-administrativos. Isso não é apenas um número, mas sim um reflexo de uma crise estrutural que precisa ser urgentemente enfrentada. A Universidade enfrenta um déficit orçamentário de 12 milhões de reais, algo nunca visto antes. A situação tornou-se insustentável, e a greve se tornou uma resposta necessária a essa realidade alarmante.

Como membros da comunidade de Ouro Preto, Mariana e João Monlevade, nossa luta não apenas nos afeta individualmente, mas também tem um impacto direto e localmente significativo. Por isso, sempre estivemos atentos às questões sociais que impactam diretamente as comunidades das cidades de Ouro Preto, Mariana e João Monlevade, onde a UFOP tem campus. Durante a pandemia de Covid-2019, em 2021, lançamos a campanha de arrecadação “Unidos pela Vida”. Esta iniciativa resultou em um saldo total de 5 toneladas de alimentos distribuídas ao longo de nove edições, além de dezenas de agasalhos e centenas de materiais de limpeza e higiene. Essa ação solidária emergiu da necessidade urgente de unir esforços e organizar uma resposta coletiva diante do severo impacto econômico e social causado pela pandemia do coronavírus.

Parte das doações arrecadadas durante a campanha “Unidos pela Vida” em 2021, durante a pandemia.

Um dos pilares fundamentais da nossa greve é a necessidade de reestruturação da carreira dos técnico-administrativos em educação. A atual estrutura se tornou obsoleta e pouco atrativa, levando muitos de nós a buscar oportunidades em outros setores. O governo não apresentou propostas concretas para resolver essa questão, o que demonstra uma completa inércia em relação às nossas demandas legítimas.

Além disso, é crucial destacar que a reforma administrativa proposta (PEC 32) representa uma ameaça direta aos nossos direitos e conquistas. O governo atual não revogou medidas prejudiciais implementadas por Jair Bolsonaro, como a Instrução Normativa 54, que ataca o direito à greve. Essas políticas desestabilizam ainda mais nosso ambiente de trabalho e comprometem a qualidade dos serviços prestados à comunidade.

Portanto, ao apoiar nossa greve, você está contribuindo para uma causa maior: a defesa da educação pública de qualidade, gratuita, laica e socialmente referenciada. Nossas reivindicações não se limitam apenas a questões salariais, mas também incluem a recomposição dos orçamentos das universidades e institutos federais, o que impacta diretamente a oferta de serviços e o desenvolvimento acadêmico, tecnológico e científico do país.

É hora de nos unirmos em solidariedade e mostrar ao governo que não aceitaremos mais ser tratados com descaso e desrespeito. Juntos, podemos fazer a diferença e garantir um futuro melhor para a educação pública brasileira.

Contamos com o seu apoio.

Atenciosamente,

Trabalhadores Técnico-Administrativos da UFOP